Secaram-me as lágrimas... Não consigo chorar mais...
Passeio em silêncio pelas ruas desertas da cidade vazia. Parece que se calou para eu passar com a dor que me acompanha. Penso em ti e já não choro. Não choro...
O vazio que sinto por dentro dói. E a dor invade-me por dentro, alastra-se pelos vasos, prende-me os músculos, aloja-se nos ossos... Transporto-a comigo e pesa. Sinto-me esgotado e não choro...
Passei dias sozinho no nosso recanto. Lembraste da colina de onde olhávamos o pôr do Sol? Onde trocámos promessas de um amor eterno... Onde te abraçava como quem abraça a vida e te beijava... Onde sonhámos um futuro que não pode existir... Foi esse o meu refúgio desde a última vez que te vi. Nem sei quando foi porque o tempo não faz sentido. Deixei de contar as horas e os dias, porque não te vou ter. Foi aí que chorei... Chorei em silêncio... Tentei assim destilar a dor da alma, destilar as lembranças que guardo de ti, essas feridas que tardam em sarar...
Chorei em silêncio...
Chorei comigo e contigo no pensamento...
Chorei... Chorei dias... Chorei noites...
Chorei...
E de repente acordei sem lágrimas e não consigo chorar mais... A dor continua igual. As feridas continuam cá, vivas, profundas. E ninguém me pode curar... Porque só tu o podias fazer...
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