Cristal

A felicidade é frágil...

Monday, June 10, 2013

Dias cinzentos



Há dois dias deixei o Porto numa manhã cinzenta... Vim de comboio. E de repente senti uma nostalgia a invadir-me, enquanto uma lágrima tímida me caía pelo rosto. Sim, é isto que sinto sempre que atravesso o Douro enquanto mergulho nos meus pensamentos e me entrego a eles de forma despreocupada. 

Sabia que os dias seguintes seriam igualmente assim: cinzentos, pesados, cheios de pensamentos e inquietações. E foram... Tenho vontade de estar onde não estou... Tenho vontade de estar com quem não estou... Gostava de ver a vida sem as dificuldades de interpretação a que me habituou... Gostava de ser apenas feliz com quem for capaz de me trazer felicidade...

Hoje, a algumas horas de voltar, vou encontrar o Porto num fim de tarde cinzento. Claro que a cidade não tem a mesma magia se assim não a ver, em tons de cinza. Talvez porque se assemelha ao meu estado de espírito nestas fases em que sou apoderada por pensamentos inquietantes. É por isso que gosto de viver naquela cidade. Ela acolhe-me na sua introspecção. E partilhamos assim as mesmas angústias, a nostalgia do tempo que foi e a saudade de um tempo que ainda virá.

E é assim que me confundo com a cidade cinzenta. Porque me sinto parte dela. Sinto-me a vaguear pelas calçadas nuas de gente. Sinto-me a receber a brisa violenta destes dias introspectivos... 

Não sei se estes dias longe mudaram algo em mim. Não sei se o pensamento amainou as inquietações que povoam o meu coração. Não sei se conseguirei viver sem essas inquietações e sem o cinzento dos dias... Não sei... 

Não sei... 



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