Cristal

A felicidade é frágil...

Sunday, September 24, 2006

Eu em M


Música
Medicina
Melodia
Melancolia
Mudança
Mar
Maresia
Montanha

Mondego
Mundo
Movimento
Melancia
Mel
Massa
Melhorar
Moldar
Magia
Mistura
Multiplicidade
Mistério
Milagre
Mãos
Malmequer
Medo
Mimo
Miaus
Moda
Museus
Monumento
Momento
Mensagem
Memória
Menina
Mulher

...

Poesia seleccionada II


Mário de Sá Carneiro


Dispersão

Perdi-me dentro de mim
Porque eu sou um labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.

Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida…

Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.

(…)

Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço…
A hora foge vivida,
Eu sigo-a, mas permaneço…

(primeira quadra: presente de L, o que me levou a conhecer o poema)

Poesia seleccionada I


Florbela Espanca


A Vida

É vão o amor, o ódio ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento…
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!

Todos somos no mundo “Pedro Sem”,
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre um eco dum lamento,
Sabe-se lá um beijo de onde vem!

A mais nobre ilusão morre… desfaz-se…
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida…

Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!...



Meu Amor

De ti somente um nome sei, Amor,
É pouco, é muito pouco e é bastante
Para que esta paixão doida e constante
Dia após dia cresça com vigor!

Como de um sonho vago e sem fervor
Nasce assim uma paixão tão inquietante!
Meu doido coração triste e amante
Como tu buscas o ideal na dor!

Isto era só quimera, fantasia,
Mágoa de sonho que se esvai num dia,
Perfume leve dum rosal do céu…

Paixão ardente, louca isto é agora,
Vulcão que vai crescendo hora por hora…
Ó meu amor, que imenso amor o meu!

(Para J)



Ser poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É dar cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de infinito!
Por elmo, as manhas de oiro e de cetim…
E condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente…
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E Dizê-lo cantando a toda a gente!


Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: Aqui… além…
Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente…
Amar! Amar! E não amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!...
Prender ou desprender? É mal? É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei-de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada,
Que me saiba perder… pra me encontrar…



Gosto da poesia de Florbela Espanca. É uma poesia que transparece tristeza, mas também sonho e por vezes algum narcisismo. O eu poético, que na maior parte das vezes se confunde com a autora, uma vez que a maioria dos poemas são auto-biográficos, mostra uma constante procura de um amor pleno, que acaba por nunca encontrar…

Monday, September 11, 2006

23


23 Aninhos!!!
:)
Eeeeehhhhhhh
Alegria, festa...

Wednesday, September 06, 2006

Pedaços



Um raio de sol entra pela janela,
Desperta-me de um sono descansado…
Contrariada, lentamente abro os olhos e deparo-me com a brancura do quarto, que permanece em silêncio.

Branco em silêncio… Pureza…

Pouco a pouco, despertam também as minhas energias e levanto-me da cama.
Repito as tarefas matinais habituais, sempre pela mesma ordem…
Como se fosse uma máquina…

Ainda assim, reparo nas coisas à minha volta:
Nas plantas da casa, que recebem alegremente o Sol nas suas folhas,
E crescem, têm flores das mais variadas cores… vivem…
Nos objectos coloridos espalhados harmoniosamente pelos móveis…

Cores vivas… Harmonia… Alegria…

Abro a janela, na ânsia de aspirar o mundo para dentro de mim…
Sinto-o de olhos fechados…
Uma pequena brisa sopra e faz esvoaçar os meus cabelos ainda despenteados…

Sopro de vida…

Hoje, parece que o dia acordou diferente!
Com cores mais vivas,
Com sons nunca antes decifrados no meio do stress desta cidade,
Numa tentativa de arrancar as pessoas da monotonia…

Monotonia… Risco de vida…

Os minutos passam…
Preciso de apressar-me…
O trabalho espera-me…

Vou…

Apesar de ser cedo ainda, as ruas começam a encher-se de gente.
Já se vislumbra a multidão na praça, do cimo da minha rua.
Aproximo-me e misturo-me...

Pessoas diferentes, pessoas iguais... indiferentes.

É apenas uma massa humana, todos passam por caminhos que nem se distinguem,
Quase já nem se atropelam…
Parecem almas adormecidas em corpos que se movimentam mecanicamente…
Na monotonia de todos os dias… Sempre iguais…

Não se distinguem…

Se pedisse a cada uma para descrever alguém que tenha visto desde que saiu de casa,
Nenhuma o conseguiria fazer,
Porque todos olham, mas ninguém vê.

Paro!

Aprisiona-me esta indiferença!

Grito!

Na esperança de acordar esta gente…

Mas ninguém ouve…

E não param…